sábado, janeiro 01, 2011

Lago Azul e engarrafado.

  
Após tanto tempo de inatividade, e aproveitando o gancho de um novo ano que se inicia, venho demonstrar minha preocupação sobre uma questão que envolve diretamente a substância essencial à vida: a Água.

Os temores (meu e de milhões de outras pessoas) de que a água se tornasse uma commodity (mercadoria em estado bruto, produzidas em grande quantidade, por diferentes produtores, possuindo cotação e 'negociabilidae' nas bolsas de mercadorias) estão se confirmando. Um polêmico projeto de exportação de água que tem como fonte de 'matéria-prima' o Blue Lake, um lago localizado na cidade de Sitka, Alasca (EUA), com águas tão puras que sequer precisam ser tratadas para serem bebidas, pode estar representando o ponta pé nicial de uma modalidade de negócio que vai totalmente contra os príncipios de sustentabilidade.

Duas empresas pretendem tirar do 'Lago Azul', nos próximos meses, cerca de 320 milhões de litros de água, que serão transportados de navio até uma fábrica na Índia, onde a água será engarrafada e vendida para o mercado local (os rios da Índia estão criticamente poluídos) e também a países do Oriente Médio, locais que naturalmente sofrem com a escassez desse imprescindível recurso.

Uma das empresas, a True Alaska Bottling, comprou o direito de explorar 10.9 bilhões de litros de água por ano, o que pode gerar para os cofres da pequena cidade de Sitka (de apenas 10 mil habitantes) até U$ 90 bilhões (=R$ 149,4 bilhões) por ano, dependendo das vendas.

Já a outra empresa, a S2C Global Systems, ficou responsável pela construção de um mega porto na costa sul da Índia, onde a água será recebida, armazenada, engarrafada e distribuída.

Não quero colocar aqui aquela já batida porcentagem de disponibilidade de água doce no planeta, mas fica a pergunta: quando vamos entender que a água não é um recurso infinito?

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