quinta-feira, julho 22, 2010

Já era tempo...

Foram precisos exatos 3 meses para que a British Petroleum conseguisse 'estancar' o vazamento de óleo que, de sobra, é o causador do maior desastre ambiental da história dos EUA. Fazendo uma simples conta de multiplicar, talvez não consigamos ainda ter a verdadeira noção da grandeza dessa 'mancha' de óleo.

Como havia falado antes (Um horizonte preocupante...), o óleo vazava a uma taxa de 795.000 litros/dia. Multiplicando 795 mil litros por 91 dias encontramos 72.354.000 litros de óleo cru espalhado pelo mar, tanto na superfície, quanto ao longo da coluna d'água.

A equipe de contenção, que conta com cerca de 40.000 pessoas e mais de 5.000 embarcações, conseguiu recolher, ou queimar 'controladamente', parte desse óleo, mas a imensa maioria dele ainda está no Golfo do México ou já atingiu a costa.

A empresa britânica já demonstrou por diversas vezes que prefere pagar pelos erros do que tomar medidas para evitá-los. As multas aplicadas pelas autoridades norte-americanas, nos último 5 anos, chegam a cifra de US$ 485 milhões, quantia que mais parece 'trocadinho' perto dos US$ 5,65 bilhões de lucro conseguido somente no 1º trimestre de 2010.

A preocupação se manisfesta quando transporto esse cenário catastrófico para águas tupiniquins, uma plataforma continental repleta de enormes quantidades do "Ouro Negro", na iminência de uma exploração em grandes profundidades (Pré-Sal). 

Será que estamos preparados para uma tragédia desse tipo? Será que a nossa legislação ambiental está bem amarrada em relação à possíveis vazamentos dessa magniutude? Mesmo em caso positivo, será que as autoridades serão capazes de fiscalizar tais explorações? Será que teremos um plano de contingência eficaz para um acidente nessas proporções?

Para ajudar na reflexão, fica aqui mais algumas imagens
















quarta-feira, julho 14, 2010

MÚSICA REGGAE

Desde a criação deste Blog tenho uma enorme vontade, porém uma pequena dúvida se devo ou não escrever sobre uma assunto que em alguns momentos me parece não ser tão natural. Entretanto, após algumas reflexões, fica fácil perceber que o REGGAE é um ritmo intimamente ligado à Natureza, e consequentemente um assunto natural sim.

As ligações entre o REGGAE e o movimento religioso, filosófico e político RASTAFARIANISMO são profundas, amplas e complexas. Ambas representam uns dos mais notáveis esforços humanos de reconstrução  - a reconstrução da dignidade, do destino e da cultura de um povo.

No final dos anos 60, com uma nova geração de músicos tentando novas maneiras de tentar tocar o ROCK STEADY, fortemente induzida pelos cânticos rastafári - que ostentam a influência africana, com repetição ritmica, imitando as batidas do coração (Nyahbing) - ou assumidamente ligada ao movimento como pressão social em alta voltagem, nas ruas, nasce enfim o REGGAE. A música dos reis como acreditava o seu grande ícone Bob Marley. 

Nascido sobre o signo de aquário, no dia 6 de fevereiro de 1945, no vilarejo de Nine Miles, em St. Ann, norte da Jamaica, Robert Nesta Marley, era filho de Norval Sinclair Marley, um branco capitão do exército inglês (daí os traços finos de sua fisionomia), que o abandonou logo após o casamento com sua mãe, Cedella Booker, uma negra descendente de escravos africanos, enviados a ilha Xamaycana em 1509. De um lado a nobreza africana, de outro, o poder imperialista britânico.

Em homenagem e em agradecimento pelas humildes 1000 visitas, deixo aqui uma simples demonstração da ligação do reggae com questões relacionadas à natureza, com uma canção onde Marley fala sobre aquilo que não conseguimos explicar... a Mística Natural.

terça-feira, junho 22, 2010

900

Em tempos de Copa do Mundo, agradecendo as surpreendentes 900 visitas, deixo aqui uma sugestão de filme. Indo.doc é um documentário que consegue mostrar de uma forma extremamente real, com excelentes imagens, narrações e edições, as drásticas consequências do tsunami e do terremoto que assolaram a costa da Indonésia no final de 2004.

segunda-feira, maio 10, 2010

Um horizonte preocupante...

Sinto-me na obrigação de vir aqui pra falar de um assunto que considero (e na minha visão, todos deveriam considerar) de extrema relevância: o vazamento de óleo no Golfo do México (EUA).

Gostaria de não entrar muito no mérito das soluções e alternativas energéticas (ainda), e sim tentar informar sobre o acidente em si, e explanar a minha perspectiva oceanográfica sobre o que pode ser considerado um dos maiores desastres ambientais da história (talvez o maior).

O acidente, ocorrido no dia 20 Abr 2010, aconteceu numa plataforma semisubmersível de perfuração (Deepwater Horizon) que operava em um campo de exploração da gigante empresa inglesa British Petroleum (BP), localizado no Golfo do México, a cerca de 90 Km da foz do Rio Mississipi (a 3ª maior bacia hidrográfica do mundo), no estado da Louisiana

Segundo relatos, o incêncdio ocorreu devido a uma gigante bolha de gás metano (altamente inflamável), que ascendeu pelo duto de perfuração, seguida por uma enxurrada de óleo bruto sob altíssima tempertaura, ocasionando uma explosão na superfície e o afundamento da plataforma (que naquela data comemorava 07 anos sem qualquer acidente), depois de 02 dias de um torrencial incêncdio, que matou 11 pessoas, e deixou um poço aberto, jorrando óleo no oceano com uma vazão estimada em 795.000 litros/dia.

Essa região (delta do Mississipi), que já havia sido profundamente afetada pelos furacões Katrina e Rita no ano de 2005, tem 12.000 km2 de extensão e comporta 40% dos maguezais de todo o país (EUA). Acho que não precisa ser um estudioso de alguma ciência ambiental pra saber que uma quantidade colossal dessa de óleo (até o fechamento desse post, dia 10 Mai, o óleo ainda continua vazando), avançando ao encontro de uma área tão grande e tão sensível (manguezais são considerados, de acordo com uma classificação internacional de sensibilidade ambiental, como os ecossistemas mais sensíveis a um possível derrame de óleo), acarretará drásticas consequências, tanto a curto, quanto a longo prazo, afetando contundentemente toda a fauna e flora do local, e de tabela, a indústria da pesca (a região fornece 16% de todo o pescado dos EUA) e do turismo.

A companhia britânica (BP) assumiu a responsabilidade pelo desastre (é o mínimo, né?) e está trabalhando tanto na  árdua tarefa de 'estancar' o vazamento, quanto na de tentar conter o óleo já despejado no mar.

Para tentar cessar (na verdade diminuir em 85%) o vazamento do poço, que está sob 1.600m de coluna d'água, a empresa utilizou uma enorme cúpula de confinamento, funcionando como uma 'tampa' para auxiliar a sucção do óleo, que seria transportado até a superfície através de um duto. Todavia, a formação de cristais de gelo (hidrato de metano), nas paredes da tubulação, que acabam por obstruir a passagem do óleo, estão impossibilitando um trabalho que por si só já extremamente difícil, devido a profundidade do local. Enquanto isso, a empresa está trbalhando na perfuração de dois poços de 'alívio' bem perto do vazamento, que será uma solução mais eficiente, porém mais demorada.

Por outro lado, já foram utilizados 270 mil metros de barreiras de contenção, bem como 1,1 milhão de litros de dispersante químico para tentar solucionar o problema do óleo já derramado. Uma outra técnica também utilizada (e que não me agrada muito) foi a queima 'controlada' do óleo, que, ainda bem, oficou prejudicada pelo vento forte e a consequente agitação do mar. Estima-se que 2 milhões de litros de óleo tenham sido 'eliminados' utilizando esta técnica.



Segue aqui algumas imagens...










 

 
 
 

 
 
 

 
 
 




terça-feira, abril 27, 2010

A oceanografia do (des)cobrimento

Tudo começou em um 1º de Janeiro de 1502, quando três Naus lusitanas adentraram a Baía de Guanabara, impulsionados pela fase de frio intenso e enormes nevascas que assolavam a Europa e a Ásia, desvendando  assim a imagem desse paraíso tropical para o mundo. Naquele longíquo verão, as águas da Guanabara foram palco de um choque de dois mundos, de duas concepções de vida, de dois universos distintos. Dentro das enormes embarcações impulsionadas pelo vento, portugueses, agentes do mercantilismo europeu, preocupados em conquistar novas terras e mercados para a produção de mercadorias com valor de troca. Já nas frágeis canoas e ubás, movidas a braços fortes, estavam os nativos desse paraíso, organizados num sistema primitivo de socialismo, totalmente despreocupados com a acumulação de bens e riquezas, retirando da Natureza apenas o necessário para o sustento.

A Natureza era pródiga, bela, exuberante, majestosa. O mar colidia com os pontões e costões que emolduram a Guanabara. Os manguezais se estendiam por quase todo o litoral. Dezenas de lagunas e brejos alinhavam-se atrás das restingas. tangenciadas por praias de areia extremamente claras. Pitangueiras, cajueiros, orquídeas e cactos enfeitavam as dunas e restingas. 

Este cenário paradisíaco, tanto decantantado em prosa e verso, não durou muito tempo. Primeiro, veio a devastação do pau-brasil, posteriormente as preocupações de cupação e defesa, que resultaram inclusive na fundação de nossa Cidade Maravilhosa de São Sebastião do Rio de Janeiro, continuando com os ciclos econômicos da cana-de-açúcar, mineração, café e finalmente a industrialização, a região foi sendo ocupada, e a mata sucumbindo.

O sítio geograficamente impróprio para acolher uma ocupação permanetemente - e que tinha  inicialmente a função defensiva-, passa a ser uma cidade portuária e comercial. Esta, para crescer, soterrrou estuários, enseadas, lagunas, brejos, manguezais (qualquer ligação com os bairros mais afetados pelas nossas atuais enchentes não é mera coincidência, não, tá?), e ainda arrasou morros e ilhas.

As manadas de baleias, entre jubartes, cachalotes e espardates, que tanto adentravam as águas da Guanabara (vide pintura abaixo, por Leandro Joaquim, 1780), foram impiedosamente caçadas, em larga escala, fazendo com que este cetáceo tão abundante desaparecesse da Baía.

Dessa atividade predatória resultou inclusive o nome de um dos lugares atualmente mais visitados por turistas no RJ. A Ponta do Arpoador, tinha a função de observatório da chegada das manadas de baleia, onde, muitas das vezes eram arpoadas dali mesmo. Arpoadas e levadas para a Ponta da Armação (Niterói) eram esquartejadas a machado, e delas se extraiam a carne para a alimentação, o óleo para a iluminação da cidade e a borra, chamada também de galagala, que misturada com a cal do reino (concha moída), formava um excelente cimento, muito utilizado nas construções da época.

O governo português monopolizou a caça até meados do sec XVII, entregando-a depois a particulares, por meio de contrato de armação O mais célebre dos armadores foi um Sr. chamado Brás de Pina, que enriqueceu tanto, às custas do extermínio de baleias, que pode adquirir vastas terras na região onde hoje existe um bairro que ostenta seu nome.

Segundo o Prof. Elmo Amador, a Baía de Guanabara é emblemática, uma genuína representante dos frágeis e reprodutivos ecossistemas costeiros tropicias, que resultantes de uma longa evolução, foram submetidos à uma rápida degradação ambiental e social. A Ganabara representa o personagem principal de uma história que permite o julgamento do desatre da colonização e da dominação capitalista dos países do Terceiro Mundo, com a subjugação dos seus habitantes e a destruição de sua natureza.



segunda-feira, março 01, 2010

445 anos de Maravilha !

Não podia passar em branco o aniversário da Cidade Maravilhosa.

Hoje, 1º  de março de 2010, a cidade do Rio de Janeiro - originalmente fundada por Estácio de Sá, com o nome de São Sebastião - comemora 445 anos de fundação.

Fica aqui a homenagem do Blog, através da foto (acima) do Morro Cara de Cão (proeminência adjacente ao Pão de Açúcar), sítio original da cidade, onde foram edificadas as primeiras instalações, com o intuito de funcionar como trincheira contra os ataques dos índios tamoios, então aliados dos franceses.
 
"Para que El Rei, a Pátria, o Brasil e o Mundo todo conheçam o nosso destemido valor, levantamos essa cidade que ficará por memória do nosso heroísmo, e exemplo as vidouras gerações, para ser a rainha das províncias e o empório das riquezas do mundo". (Anchieta, 1565)

Foto: Gustavo Bastos

sábado, janeiro 23, 2010

Consumo de nadadeiras


Voltemos a esse grave e silencioso problema ecológico: a ameaça aos tubarões ...
Segundo uma pesquisa de âmbito nacional, encomendada pelo Instituto Ecológico "Comercial" Aqualung, 37% dos 1.400 entrevistados disseram que consomem carne de tubarão (na maioria das vezes Cação). Destes, 58% fazem esse consumo em casa (19% mensalmente e 58 % eventualmente). Somente 17% dos entrevistados afirmaram já ter consumido nadadeira (e não barbatana, como esse tal instituto de finalidade duvidosa insiste em denominar) de tubarão. 
Entretanto, a pesquisa apontou uma enorme diferença regional: enquanto todos os entrevistados cariocas afirmaram NUNCA terem comido nadadeira e seus derivados (principalmente a sopa), 68% dos entrevistados paulistas afirmaram que já comeram.
Uma possível explicação para tal diferença é a influência exercida pela população oriental em SP, uma vez que são eles os grandes consumidores da maldita sopa de nadadeira, induzidos pelo mito de que é um prato afrodisíaco.
Um outro dado de extrema importância mostrado pela pesquisa foi que 57% (mais da metade) dos entrevistados não sabia que a pesca descontrolada e excessiva está proporcionando um vertiginoso declínio nas populações de tubarões em todo o mundo (só aqui no litoral brasileiro, 43% das espécies estão inclusas na lista das ameaçadas de extinção). 
Previsivelmente, mais de 60% dos entrevistados não soube dizer qual é a importância dos tubarões para o equilíbrio da vida nos oceanos e quais seriam as consequências diretas de sua extinção. No entanto, felizmente, 80% dos entrevistados, diante da realidade apresentada, admitiram rever seus conceitos e seu consumo de cação.
Então, mesmo que você não tenha sido entrevistado (o que é muito provável), reveja os seus !