quinta-feira, setembro 17, 2009

É água do mar, é maré cheia.


A postagem inaugural desse espaço para discussões homenageia uma cidade com enorme importância, histórica e cultural, para o nosso Estado e até mesmo para o nosso País: Parati.
É fácil perceber o quanto um fator oceanográfico - no caso a Maré - influenciou na antiga arquitetura das ruas do seu centro histórico. A população, o comércio, e consequentemente os turistas, aprenderam a conviver com a oscilação desse fenômeno astronômico, onde ora as ruas estão levemente alagadas e ora secas.
O aspecto natural da maré influenciou tanto a população local de Parati, que dentre inúmeros fabricantes de pinga da cidade - e não são poucos, desponta uma marca que me chamou a atenção no Festival da Pinga: Maré Cheia.
A qualidade, o preço (R$ 8,00 a garrafa de 350mL - Gabi, Caramelada, Envelhecida, Ouro e Tradicional), a irreverência e a afinidade que toda a família envolvida na fabricação e venda dos produtos tem com o mar são atrativos diferenciais.
Entre uma dose e outra - e não foram poucas, tive o prazer de ouvir do dono da fábrica a diferença entre pinga e cachaça, embora a maioria das pesssoas considere a mesma bebida. Segundo ele, cachaça seria a aguardente destilada a partir do melaço, isto é, das sobras da fabricação do açúcar, enquanto pinga seria aquela fabricada a partir da garapa: caldo de cana fermentado e destilado depois da fervura e da evaporação que “pinga” na bica do alambique.
Estima-se que a produção
de pinga na cidade tenha pelo menos 400 anos de história. Muitos registros – inclusive o do navegador francês Pyrard de Layal, em 1610 – falam da produção, no Brasil, de um “vinho feito com suco de cana” comercializado bem barato e consumido por escravos e nativos da região. Esse longo histórico de produção da bebida atingiu o auge no final do século XVII, quando havia na cidade mais de 150 engenhos em pleno funcionamento.