quinta-feira, dezembro 24, 2009

As montanhas flutuantes de gelo


"...isso é apenas a ponta do iceberg". A expressão utilizada quando queremos explicar que o problema visível é apenas uma pequena manifestação de um enorme problema encontra uma fundamentação científica.

Os iceberg (= montanha de gelo) consistem em enormes blocos flutuantes de gelo que se desprendem das calotas polares e vagam pelos oceanos. O B-15 (foto clicada em 2000, ao lado) representa a maior "pedra de gelo" já registrada e possuia 295 Km de comprimento,  37 Km de largura, 11.000 Km2 de área superficial e massa estimada em 3.000.000.000 (3 bilhões) de toneladas.

Como eles são formados basicamente de água doce, e já que a densidade da água pura é de 920 Kg/m3, os icebrgs flutuam na água salgada, onde a densidade é levemente maior (em média1025 Kg/m3). Por isso, somente a 10ª parte (1/10) da montanha gelada fica visível acima da superfície - vai depender do seu tamanho e da densidade da água em que ela flutua.

Fazendo uma analogia, a parte emersa do bloco de gelo significa o problema aparente, aquele que tá se mostrando naturalmente, enquanto a parte submersa do bloco representa a parte obscura do problema, aquela que temos que mergulhar fundo para conhecê-la.

Salve a sabedoria popular !






terça-feira, dezembro 15, 2009

Fazer um céu

pelo saudoso gênio Mario Lago

Fazer um céu com pouco a gente faz.
Basta uma estrela,
Uma estrela e nada mais.

Pra ter nas mãos o mundo
Basta uma ilusão.
Um grão de areia
É o mundo em nossa mão.


Sonhar é dar à vida nova cor,
Dar gosto bom às lágrimas de dor.
O sol pode apagar, o mar perder a voz,
Mas nunca morre um sonho bom dentro de nós.

domingo, novembro 29, 2009

Salvem as baleias.... mas os tubarões também !

Será que alguém consegue visualizar perfeitamente o significado de um intervalo de tempo equivalente á 400 milhões de anos? Ou melhor, será que alguém consegue perceber o quanto um grupo animal consegue evoluir nesse mesmo período?
Pois bem. O Tubarão, injustamente e provavelmente o animal mais temido do Planeta, representa o resultado vivo desse tempo de evolução, expressando assim o incomparável nível "tecnológico" que a natureza pode atingir.

Graças ao filme Tubarão - criado em 1975, dirigido pelo hoje renomado diretor cinematográfico Steven Spielberg, com o nome original Jaws, baseado em romance de mesmo nome de Peter Banchley, que narra a saga de um tosco "robô-tubarão-branco-assassino", que aterroriza a população de uma cidade do litoral norte-americano - a enorme maioria da população mundial tem medo, chegando a algums pessoas apresentarem verdadeiro pavor desses animais (Selachofobia).
Dados estatísticos mostram que a ocorrência dos tão temidos ataques a seres humanos são exageradamente amplificadas, uma vez que animais como corcodilos, serpentres marinhas, hipopótamos, abelhas e até os nossos melhores amigos caninos, são responsáveis por um maior número de ataques fatais do que os tubarões.



O que muitos consideram um brutal assassino, nada mais é do que um predador quase que perfeito, que possui eficientes adaptações fisiológicas, comportamentais, hidrodinâmicas, sensoriais, reprodutoras, entre outras mais, que lhe concedem o degrau mais alto na "escada alimentar", um lugar privilegiado na teia trófica marinha. Talvez a espécie que melhor respresenta essa evolução "tecnológica" seja o Tubarão Branco (Carcharondon carcharias). Seu corpo fusiforme e de grande robustez (pode medir até 8 m e pesar até 2 ton), associado ao formato cônico do focinho, ao formato de suas nadadeiras e a presença de um pedúnculo caudal, lhe conferem uma capacidade de atingir enormes velocidades de locomoção. Seus dentes possuem cúspede em formato de pirâmide e são revestidos por 3 camadas de esmalte. Estima-se que um indivíduo adulto utilize, ao longo de todo o seu ciclo de vida, até 3 mil dentes. Isto porque eles não fixos por raízes, e graças ao sitema de "esteira-rolante de dentes", são facilmente substituidos quando perdidos no ato da mordida.
Aliás, as mordidas são ainda mais potencializadas por uma adaptação na mandíbula do tubarão branco, uma vez que o maxilar superior é unido ao crânio por um tendão frouxo - não fundido a ele, como o nosso -, o que permite uma maior abertura e a projeção da mandíbula.
Outro importante "equipamento", naturalmente "instalado" no focinho do Great White Shark, consiste em um conjunto de terminais nervosos, chamados de Ampolas de Lorenzini, capazes de captar sinais eletromagnéticos de baixíssimas frequências, o que os auxilia tanto na localização e identificação da presa, quanto na orientação nas grande migrações, características desta espécie.

Seu olfato funciona tão bem que é capaz de detectar sangue na água do mar a uma concentração de 1 ppm (parte por milhão). Sua audição, responsável pela detecção de vibrações de baixas frequencias, lhe permite perceber um peixe debater-se a uma distância de 250 a 600m. Já sua visão, segundo a maioria dos estudiosos, não funciona bem à grandes distâncias, ficando sua precisão restrita a, no máximo, 15 metros. Entretanto, mesmo assim, existe uma menbrana nictiante que proteje os olhos contra um possível ferimento causado por uma presa abatida ao se debater.


Mesmo com todas essas e dezenas de outras vantagens evolucionais, o Grande Tubarão Branco encontra-se classificado como VULNERÁVEL, na lista de espécies ameaçads de extinção, graças, justamente e certamente, ao animal mais perigoso do Planeta: o Homem. Dentre todas as formas de pesca predatória e/ou acidental, cabe destacar a mais cruel, conhecida como finning. Barcos pesqueiros de todo o mundo, impulsiondaos pelo mercado gastronômico - que cobra fortunas pelo "afrodisíaco" prato de sopa de nadadeira de tubarão - capturam-no e cortam TODAS as nadadeiras do animal e o jogam, AINDA VIVO, de volta ao mar. Como o tubarão não tem a capacidade de "sugar" a água para fazer a troca gasosa (respiração), e como ele não possui uma vesícula gasosa (erradamente conhecida como "bexiga natatória"), dispositivo este responsável pela flutuação dos peixes, o animal tem que permancer em constante movimento para respirar e não afundar. Sem as suas precisosas nadadeiras, ele afunda e agoniza no fundo até a morte por afogamento.

Então fica o material para reflexão: Quem é mais perigoso pra quem?

sábado, outubro 31, 2009

Mitologia havaiana & geologia marinha



Toda mitologia tem a ver com a sabedoria da vida, é relacionada com uma cultura específica,  e numa época específica. Tem o papel de integrar o indivíduo à sociedade e a sociedade à natureza, funcionando como uma força harmonizadora. A cultura havaiana, talvez seja a que melhor se encaixa nesse contexto. A escritora Leinani Melville, em seu livro "Children of the Rainbow", diz que a mitologia havaiana fala no desaparecimento de um "enorme continente" chamado Mu, e que as atuais ilhas são os picos das montanhas existentes naquele continente agora submerso, partido em pedaços por intensos terremotos, destroçado por maremotos de ondas gigantescas, despedaçado por erupções vulcânicas.

Embora James Churchward, escritor britânico autor do livro "O Continente Perdido de Mu" , descreva esse tal continente como tendo 9.600 Km de Leste a Oeste e 4.800 Km de Norte a Sul, acredito eu, que esse desaparecimento pode ser explicado pela teoreia dos Hot Spots (pontos quentes). Postulada pelo geofísico canadense Jonh Tuzo Wilson, essa teoria explica a existência de cadeias de vulcões formando linhas que coincidem com o sentido de deslocamento da Placa do Pacífico, sobre a qual se formou o arquipélago havaiano. Nesta regiões os vulcões indicam a passagem da crosta oceânica sobre uma fixa pluma de material magmático (hot spot), porveniente do manto, que ao ascender à superfície origina sucessivos edifícios vulcânicos.



Um outro bom exemplo de ocorrência desse fenômeno nautural é mostrado pela formação das Ilhas Samoa, também no Oceano Pacífico, só que no hemisfério sul.


Ilustrações adaptadas de imagens do Google Earth

quinta-feira, setembro 17, 2009

É água do mar, é maré cheia.


A postagem inaugural desse espaço para discussões homenageia uma cidade com enorme importância, histórica e cultural, para o nosso Estado e até mesmo para o nosso País: Parati.
É fácil perceber o quanto um fator oceanográfico - no caso a Maré - influenciou na antiga arquitetura das ruas do seu centro histórico. A população, o comércio, e consequentemente os turistas, aprenderam a conviver com a oscilação desse fenômeno astronômico, onde ora as ruas estão levemente alagadas e ora secas.
O aspecto natural da maré influenciou tanto a população local de Parati, que dentre inúmeros fabricantes de pinga da cidade - e não são poucos, desponta uma marca que me chamou a atenção no Festival da Pinga: Maré Cheia.
A qualidade, o preço (R$ 8,00 a garrafa de 350mL - Gabi, Caramelada, Envelhecida, Ouro e Tradicional), a irreverência e a afinidade que toda a família envolvida na fabricação e venda dos produtos tem com o mar são atrativos diferenciais.
Entre uma dose e outra - e não foram poucas, tive o prazer de ouvir do dono da fábrica a diferença entre pinga e cachaça, embora a maioria das pesssoas considere a mesma bebida. Segundo ele, cachaça seria a aguardente destilada a partir do melaço, isto é, das sobras da fabricação do açúcar, enquanto pinga seria aquela fabricada a partir da garapa: caldo de cana fermentado e destilado depois da fervura e da evaporação que “pinga” na bica do alambique.
Estima-se que a produção
de pinga na cidade tenha pelo menos 400 anos de história. Muitos registros – inclusive o do navegador francês Pyrard de Layal, em 1610 – falam da produção, no Brasil, de um “vinho feito com suco de cana” comercializado bem barato e consumido por escravos e nativos da região. Esse longo histórico de produção da bebida atingiu o auge no final do século XVII, quando havia na cidade mais de 150 engenhos em pleno funcionamento.